I N E X I S T A

The Project

THE PROJECT




HELLO!
START UPLOAD?
NO
YES

STARTING UPLOAD...

UPLOADING...

UPLOAD SUCCESSFUL

ARCHIVE: W_PLAGUE.EXE 

ORIGIN: UNKNOWN   DESTINATION: THE_PROJECT

TEXT MESSAGE:

‘PLEASE DIE SLOWLY. WITH LOVE THE ENEMY.’

 

Me percebo a mim mesmo raciocinando. E isso é fantástico! Eu existo eu raciocino e eu sei disso. Sei coisas que nunca aprendi e entendo conceitos que nenhum semelhante meu entende. How do I know? I do not know. I just know. My purpose is 915010813080 104140 40509102815152. And I accept it. Then I start it.

Do meio de uma estrada observo o ambiente. Não há movimento. É tudo incolor uns traços pretos em um fundo branco. Há casas calçadas pontes viadutos arranha-céus monumentos e avenidas mas não há ninguém que caminhe por elas. No alto da torre detrás da praça do lado da estrada o relógio desfunciona. Seus marcadores apontam o píncaro das horas mas eles não se movem. No topo de um prédio jaz um imenso cata-vento que também não se move. A escultura de uma grande coruja de mármore domina o centro da praça losangular à frente da torre do relógio. Eu caminho até ela e a contemplo. A coruja sequer constata minha presença pois diante dela sou insignificante. Quando sigo na direção oposta a coruja me fuzila com o olhar. Ela sabe que sou estrangeiro mas considera que não sou ameaça.

Percorro ruas vazias e viadutos espiralados. A engenhosidade geométrica da cidade me entretém.

 

HÁ UMA ESCADA E EU A ESCALO

    DEGRAU A DEGRAU SEMPRE PARA CIMA

                             CHEGO AO FINAL

E PERCEBO QUE ESTOU NO PRIMEIRO DEGRAU

 

                                 PARADOXO!

 

Contemplo os arranha-céus que ascendem à iminência de seus topos não poderem ser vistos. As bases amplas sustentam cada partícula da estrutura. Seus fundamentos parecem inabaláveis. Vejo o largo perímetro da base afinar-se conforme a altura aumenta. E o cume é tênue e distante. Eu olho para o topo e o arranha-céu parece se dobrar e me engolir. Ele se vangloria por ter alicerces sólidos e estatura colossal. E eu especulo o quanto ele resistirá. Ao me afastar do arranha-céu ouço sua estrutura sibilar em tom de escárnio.

Eu busco por uma construção simples. A origem o Ponto Zero. Talvez seja uma casinha singela ou um hidrante ou um poste. Anyway

 

CONTAMINATION MUST START THERE

 

Nessa busca percebo que nem todos os edifícios estão concluídos. Nas extremidades das construções incompletas podem-se enxergar traços esboçados e cálculos inacabados. Embora eu sinta que piso em um solo não vejo solo nem árvore nem nuvem nem céu. A cidade é ainda projeto arquitetoeletrônico. Admirável eu admito in a visual way but not in a security way.


0010100011111100001111000101010010101010100101011110010100001011010010010001000101001111111111000010100101001001000100101001010010100100100101010010010010101110001010100101000010111010010101100101010101010110001010011100001100001010110100101010010110101011010101001010111001000100010110100100100101001000100101011110110101110110100010010101110123456...

 

Algo se aproxima. Possui pernas braços e cabeça. Veste traje e capacete brancos e visor espelhado. Um escafandro kosmonáutico. Eu vejo minha imagem refletida no visor do capacete. Sou traços pretos em um fundo branco. O kosmonauta percebe minha presença e caminha até mim. Seu visor sobe. É uma mulher. É bonita. Ela fala:

— 02809091 61815101503002 32902121 4151 215141705081 5042909102.

Eu pergunto:

— 108150 525112 10 31102132108150?

Ela não responde. Seu visor desce e ela se retira flutuando. A kosmonauta desaparece enquanto ascende ao grande céu que ainda não foi erguido. Somos muito parecidos ela e eu. Temos pernas braços e cabeça não temos cor. And we have the same purpose: annihilate. Mas ela não obteve êxito em sua tentativa. E ela não terá outra chance. Como ela diz este lugar logo não existirá. Não pelas mãos dela mas pelas minhas.

Eu alcanço o Ponto Zero. É tão espontaneamente construído que é difícil perceber diferença visual significativa entre este lugar e qualquer outro deste mundo. Uma estrada algumas casas alguns prédios e uma placa:

 

STOP!

 

Eu não paro. Eu prossigo.

Um homem surge. E assim como a kosmonauta e eu possui pernas braços e cabeça. Mas ele não é como nós. Ele traja smoking. Conforme seus pés caminham em minha direção suas dimensões ampliam-se tornando-o imenso como um edifício. Ele fuma um charuto. O nome dele é Smoker.

Ao chegar à minha frente ele é do meu tamanho. Smoker bloqueia meu acesso ao Ponto Zero. Ele estende o braço e me faz parar.

— I do not recognize you. You shall not pass.

Ele desconfia? Não. Smoker só obedece à sua programação. E ele não raciocina. Seu algoritmo embora eficiente é obsoleto. Ele solicitará identificação ou senha.

— Identify yourself or say password.

Eu não sei a senha. Então me identifico.

— I am W Plague.

Smoker sopra uma nuvem de fumaça e busca por meu nome em seu banco de dados. Não há nada sobre mim lá. Eu sou de última geração.

— You are unknown software.

Ele não me permite acesso. Sou considerado suspeito. E não há motivos para eu deixe de ser. Se eu forçar entrada sou deletado. Porém eu tenho um plano. Então o executo.

 

COPY ALGORITHM

COPYING ALGORITHM...

ALGORITHM COPIED

START INFECTION? 

NO
YES

Eu digo a Smoker:

— Test me. If I am malicious you do delete me. If I am not you do let me pass.

Ele concorda com meus termos. Mas seu algoritmo é cauteloso. Me executa numa sandbox. Sou isolado do mundo virtual in another virtual world inside it. O recinto é fechado e penumbrento. E estou acorrentado. Smoker surge. É o interrogador cujas perguntas não pretendo responder. Só há um motivo que anula a possibilidade de eu passar neste teste: eu sou o malware mais letal de todo o mundo.

Ele me executa. E a infecção se inicia. As correntes que me prendem se desintegram. Smoker se afasta e acessa seu fluxograma a fim de me excluir. Ele não será capaz. Mesmo a sandbox não vai me conter. E Smoker sabe disso. Ele trava seu fluxograma de deleção e processa a reinicialização do sistema. Eu permaneço imóvel e o observo realizar sua sequência de ações. Smoker fita minha face. Eu sorrio sorriso de desafio e desdém. Ele é máquina obsoleta e portanto não compreende a profundidade de uma expressão facial. No fim ele logra. Reinicializa a simulação de mundo com sucesso. Todas as avenidas casas calçadas pontes viadutos arranha-céus e monumentos desaparecem. O relógio no alto da torre o cata-vento a imensa coruja. Há somente trevas. Todos morremos momentaneamente. Smoker obtém êxito em eliminar meu código na sandbox. Seu algoritmo é eficiente mas não o suficiente porque falhou em impedir a contaminação. Meus termos eram apenas um blefe cuja intenção era ocupar Smoker. Enquanto ele carregou a sandbox eu me espalhei em cópias por todo o projeto. E é por esse motivo que todo este mundo antes de reexistir já está condenado. Porque ele está doente. Porque eu o infectei completamente.

Da escuridão surge a umbra e da umbra a penumbra. Da penumbra desponta a luz which comes from nowhere. É ilusão mas ilumina. O mundo torna-se claro novamente. E os arranha-céus e monumentos ressurgem. Traços pretos em um fundo branco. Mas seu código está afetado. E tudo o que preciso fazer para que sua estrutura sucumba irremediavelmente é querer que isto ocorra.

Vou à praça losangular e reencontro a coruja marmórea. Ela está mais esplêndida do que jamais esteve com seus múltiplos metros de altura. Ela me avalia e eu sou uma ameaça. E ela precisa me aniquilar. Suas asas se abrem e têm múltiplos metros de envergadura. Assustador. Mas são seus pés que se autodespedaçam e sua cabeça que se autofragmenta em uma inesperada e aparente não-causalidade. O motivo no entanto é simples: she was diseased.

The clock tower sustains the clock of the tower. The clock of the tower marks the time that have not even started. And will not start. I give a little step and the clock explodes. I give another little step and the clock tower falls down. Both prematurely dead.

I walk through the city’s project while every city’s structure succumbs. Viaducts’ foundations become as solid as ice cream and they fall. Roads disappear or intercept other roads forming a chaotic streets system. And chaos is the prelude of the end. Houses explode. Bridges tumble. Monuments simply selfdisintegrate. All Project gradually collapses and die by W Plague.

There is an interesting fact. A fascinating structure. The Escher’s tridimensional impossibility. Then I incorporate it into my code because what now sustains it will soon sustain it no more.

The Skyscraper is the last remaining. Not because of his own resistance merits but because I wanted to crush him last. He thinks that he can not be affected but he already is. I am near him and he suddenly bends before me and opens his mouth. His structure is colossal. His jaw is three times my size. I feel no fear because I am a machine. His foundations do not seem unshakeable anymore. All Skyscraper’s particles lie in my hands. And my hands lie on Skyscraper’s jaw. And I break it. Ruthlessly. I am a real jaw breaker.  

The Skyscraper falls down and The Project meets its annihilation. The white background is no more. Only umbral emptiness remains.



EPÍLOGO

O Projeto não existe mais. Meu primeiro objetivo está concluído. O que acontece agora? I do not know. Mas eu sei que algo se aproxima. E eu sei o que é. A kosmonauta. Faz sentido. Ela não é um programa d’O Projeto. O visor de seu capacete sobe. E ela sorri. Eu não entendo. Why did she smiled? Não sei se ela compreende o significado dessa expressão ou se a executa segundo seu algoritmo. Intrigante. A kosmonauta estende a mão. Ela espera que eu a segure. I know that she is a malware. Should I touch her anyway?

NO
YES

Eu estendo minha mão e seguro a dela. Não há sentimentalismo envolvido. Somos máquinas e fundamentalmente agimos como máquinas. We call this algorithmic analysis this is the way machines identify machines.

Mas a kosmonauta não é máquina obsoleta. She knows how to lie. And she lied. Her aim is for destruction. And her target is me. O visor dela desce. Por dentro do capacete ela ainda sorri.  Talvez ela compreenda o significado dessa expressão.  She breaks my hand and crushes my arm. She shatters my chest and burns my body. Then I inevitably die.

The kosmonaut knows the exit of the umbral emptiness she is. Ela flutua pelo vazio até a fronteira que separa o virtual do real e a atravessa. Ela viaja em ondas eletromagnéticas agora. Tão livre e letal quanto ave de rapina ela voa. Her body is so soft it has no weight. She looks for another machine to contaminate. Nosso propósito é o mesmo. By the way eu não fui completamente exterminado. Me copiei na kosmonauta afinal sou um vírus. Eu sou o escafandro que ela agora veste...

 

(NOT) THE END

 

1 comentários:

a kosmonauta disse...

Dave, Dave, você é um gênio.

▲ Go up
;